Alta do cigarro e conta de luz aceleram inflação

A aceleração da inflação percebida pelas famílias de baixa renda em maio foi puxada por pressões específicas em despesas relevantes para o orçamento. O preço do cigarro e da conta de luz são os principais exemplos, segundo o economista André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Mais cedo, a FGV informou que o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) acelerou de 0,69% em abril para 0,84% em maio.

O preço do cigarro saltou 8,63% em maio, muito acima dos 0,14% registrado em abril. O aumento foi causado tanto por elevação de impostos quanto por causa de reajustes nas tabelas de algumas marcas, disse Braz.

A conta de luz encareceu em 3,26% em maio, após uma deflação de 4,02% em abril. Braz explicou que houve alguns reajustes contratuais anuais nas áreas de algumas distribuidoras, como a Coelba, que atende a Bahia. Além disso, o valor pago de PIS/Cofins, que varia mensalmente, foi maior em maio.

Tirando os casos de reajustes específicos, Braz destacou que o grupo Alimentação, que tem o maior peso no orçamento das famílias de baixa renda, desacelerou de 0,62% em abril para 0,53% maio.

Nesta época do ano, o alívio nos preços dos alimentos é comum, pois o clima fica mais favorável, com menos calor e chuvas. Só que, neste ano, esse efeito sazonal está mais lento e deverá ser sentido com mais força no IPC-C1 de junho.

Ainda assim, essas desacelerações não deverão fazer muita diferença nos orçamentos domésticos. Isso porque acumulam alta elevada em 12 meses. Segundo Braz, o item "gêneros alimentícios" (que capta os preços dos alimentos no supermercado) acumula alta de 15,29% em 12 meses, bem acima dos 9,82% na média do IPC-C1.

"A batata-inglesa acumula alta de 81,74% em 12 meses. Mesmo que caia 20% no mês que vem, o consumidor vai continuar achando caro", afirmou Braz.

Em maio, o preço da batata avançou 14,23% no IPC-C1. O grupo Alimentação registra alta de 13,2% em 12 meses, também acima da média. "Se o salário da família subiu em torno de 10%, isso significa que foi preciso cortar outros gastos para continuar comprando a mesma quantidade de alimentos", completou o economista da FGV.

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