Aliados de Cunha lideram processo de impedimento

Aliados do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vão ocupar os dois mais importantes cargos na comissão especial que analisará o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Rogério Rosso (PSD-DF) foi eleito para a presidência e Jovair Arantes (PTB-GO), para a relatoria.

Cunha anunciou que os 65 parlamentares que irão decidir o futuro da petista haviam sido definidos. “Está eleita a comissão especial destinada a dar parecer quanto à denúncia contra a senhora presidente da República”, declarou. Foram 433 votos favoráveis e apenas um contra. Agora, Dilma tem dez sessões ordinárias, a partir de hoje, para apresentar defesa na Casa.

Dentre os integrantes da chapa, 35 são favoráveis ao início do processo. Outros 26 querem encerrar o caso e há quatro indefinidos (veja a relação na arte ao lado).

PT e PMDB, com oito integrantes cada, possuem as maiores representações. PSDB tem seis parlamentares e o PP vem na sequência, com cinco.

Imediatamente após a definição dos postos de comando, o primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), foi ao Palácio do Planalto no fim da tarde para notificar a presidente do início do processo.

Na notificação, a Câmara incluiu a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), a pedido dos autores, os juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior. Inicialmente, o pedido de impeachment que foi acatado por Cunha, se referia apenas ao suposto crime de responsabilidade por causa das ‘pedaladas fiscais’.

Delcídio afirmou que Dilma tentou influenciar na libertação de réus da Operação Lava Jato, atuou na indicação de Nestor Cerveró à BR Distribuidora e ainda tinha conhecimento das condições da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que trouxe grandes prejuízos para a Petrobras.

A intenção de aditar o pedido de impeachment já havia sido anunciada por líderes da oposição, logo após a divulgação do documento pela imprensa. A estratégia era que os responsáveis pela representação fariam o pedido de juntada do documento à mesa diretora da Câmara. Na ocasião, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que tal ação tornaria o processo ilegal.

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) atribuiu o aditamento ao jogo político. Segundo ele, a questão será debatida pelos parlamentares. “Tudo isso estará dentro da comissão. São peças que já estão no tabuleiro. A comissão tem um fato, que é determinar se a presidente cometeu ou não um crime de responsabilidade. Pessoalmente, acredito que ela não cometeu”, concluiu Guimarães.

Requerimentos para que Dilma apresente pessoalmente a sua defesa, convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e convite ao relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavascki, e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estão nos planos dos oposicionistas.

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