Rio 2016: Hypólito e Nory conquistam medalhas
A ginástica masculina brasileira viveu tarde de redenção ontem na Olimpíada Rio-2016. Naquela que foi a primeira dobradinha do País em esportes individuais na história dos Jogos, o andreense Diego Hypólito e o campineiro Arthur Nory tiveram motivos de sobra para comemorar não só as medalhas de prata e bronze, respectivamente, conquistadas na final do solo, mas a volta por cima após polêmicas nas carreiras.
Diego Hypólito, que treina no ASA-São Bernardo e teve nota 15,533 na final, 0,100 menor que a do britânico Max Whitlock, ouro, se redimiu das participações em Pequim-2008 e Londres-2012, quando caiu durante as apresentações e não levou medalha. Para complicar, em julho teve seu então técnico Fernando Carvalho Lopes afastado das atividades na Seleção Brasileira por causa de acusações de abuso sexual.
Já Nory – bronze, com 15,433 – enfrentou acusação de racismo contra o companheiro de Seleção Angelo Assumpção em 2015.
Muito emocionado com o pódio na Arena Olímpica, Diego vibrou e explicou as razões da conquista. “Se consegui, foi pelo fato de muitas pessoas terem acreditado em mim. Nosso povo é muito carente de ídolos, de resultados e nós estamos vendo uma Olimpíada que está sendo grande esperança para muitas pessoas. Essa medalha não é só minha. É de vocês porque foram três Olimpíadas. Na primeira eu caí de bunda, quando tinha muita chance de ser campeão olímpico. Na segunda caí literalmente de cara e nessa caí de pé e quando era muito pior. Nunca deixe que digam até onde vai seu sonho”, disse.
Hypólito ainda se animou com Tóquio-2020. “Não sei explicar, não estou acreditando que ganhei essa medalha. É inacreditável. É um sonho realizado. Vou treinar até Tóquio. Era tão pior aqui e consegui ser prata. Consegui o que mais queria, que era essa medalha olímpica. Agora é só agradecer a Deus e pessoas que fizeram parte. Chegou o dia. Não dá para acreditar”, encerrou. (com Agências)
Irmã, Daniele cai no choro durante transmissão de TV
Não foi só Diego Hypólito quem se emocionou com a prata no solo. Sua irmã, a também ginasta Daniele Hypólito, fez participação especial na transmissão da prova pela Rede Globo e não conteve as lágrimas, antes mesmo da definição dos vencedores.
“Somos muito ligados. Uma medalha para ele é uma medalha para mim”, afirmou ela, ao ressaltar que o irmão deve ir a Tóquio em 2020 (Olimpíada) e que a medalha premiou um ano difícil. “Aconteça o que acontecer, ele já tinha se programado para ir a Tóquio. Vamos ver o que passa na cabeça dele depois disso. Este ano foi bem complicado. As pessoas não estavam acreditando. Ele seguiu e hoje (ontem) está comemorando anos e anos de batalha.”
Também me sinto responsável, afirma técnico afastado de Hypólito
Afastado das funções por suspeita de abuso sexual, o ex-técnico de Diego Hypólito (entre 2014 e julho de 2016), Fernando Carvalho Lopes, afirmou em entrevista ao site UOL Esporte que também se sente responsável pela conquista do ginasta.
“Me sinto responsável e merecedor, assim como todos que trabalharam com o Diego ao longo de todos estes anos de carreira. Fico feliz, pois é um batalhador, que nunca desistiu e por tudo que ele representa para a ginástica. Assisti à prova e torci. Espero que isso repercuta de maneira muito positiva para a ginástica. Sempre acreditei nele e que deveria fazer parte desta Seleção”, disse Lopes.
Já o atual técnico de Diego e também de Arthur Zanetti, Marcos Goto, concordou que Lopes tem sua contribuição. “Ele é responsável por 80% do trabalho. O Fernando tem a maior parte da medalha. O que aconteceu (afastamento por suspeita de abuso) mexeu com o Diego. Mexe com qualquer um. Mas ele soube entender. Conversamos. O Fernando deixou trabalho na minha mão e agradeço a ele”, afirmou.
Lopes ainda afirmou não ter tido mais contato com Hypólito e que está “muito tranquilo, retomando a minha vida aos poucos”. (com Agências)
Vim para ser protagonista, diz Nory, já acusado de racismo
Arthur Nory comemorou bastante a medalha de bronze. “Venho batendo na trave, sempre em quarto. Hoje (ontem) disse que não ia para o quarto lugar. Venho para ser protagonista, não só para passar de fase. Fui para o tudo e deu certo”, disse o campineiro, terceiro sargento da Força Aérea Brasileira.
O técnico do medalhista minimizou o caso de racismo pelo qual Nory ficou marcado em 2015 com o companheiro de Seleção, Angelo Assumpção. Na ocasião, o medalhista fez a seguinte piada. “Seu celular quebrou: a tela quando funciona é branca... quando ele estraga é de que cor?”, dizia no registro. “Isso ficou no passado”, disse Carlos Albino. (As informações são do Jornal O Estado de S.Paulo com Agências)